Até 4 de agosto, o Instituto Periférico promove uma expedição pelo Vale do Jequitinhonha com o objetivo de documentar a tradição do modo de fazer o Queijo Cabacinha, um dos produtos mais importantes da cultura alimentar da região. Como resultado, será lançado um inventário e um documentário, que se aprofundam na produção do queijo. A ação faz parte de uma iniciativa voltada à valorização e salvaguarda dos saberes tradicionais relacionados ao bem cultural. Esta é a segunda etapa do projeto que já passou nas regiões de Araxá e Canastra, cujo resultado já se encontra disponível no site.
O desenvolvimento de inventário sobre os modos de fazer o queijo Cabacinha é uma realização do Instituto Periférico com o patrocínio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), por meio da Lei de Incentivo à Cultura, do Governo Federal, em parceria cultural com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), por meio do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG). O projeto conta com o apoio técnico da Emater.
A comitiva conta com dez integrantes: Luciana Praxedes (coordenadora do projeto), Débora Raíza Rocha (historiadora e coordenadora de pesquisa), Samila Queiroz (historiadora), Nicole Batista (antropóloga), Isabela Oliveira (geógrafa), Felipe Muniz (videomaker), Lucas de Godoy (fotógrafo), Rafael Silva (captador de áudio), Paulo Henrique de Vasconcelos (diretor de cena) e Nataly Santos (social media).
A equipe multidisciplinar realizará entrevistas e visitas a produtores, comerciantes e outros profissionais que integram a cadeia produtiva do Cabacinha nos municípios de Pedra Azul e Medina, com o objetivo de mergulhar na rotina das famílias que perpetuam a tradição. Tanto o inventário, quanto o documentário, registram os saberes e fazeres envolvidos, passados de geração a geração há cerca de 80 anos.
A diretora-presidente do Instituto Periférico, Gabriela Santoro, destaca a importância da iniciativa: “O projeto não apenas ressalta a riqueza do nosso patrimônio cultural, mas também estimula a preservação e a promoção do queijo e de seus modos de fazer como um símbolo da identidade mineira. Ao reconhecer e apoiar os saberes e sabores que compõem essa tradição, estamos investindo na nossa história e no futuro dos nossos produtores, possibilitando que o queijo artesanal de Minas Gerais continue sendo uma fonte de orgulho e sustento para muitas comunidades”.
O reconhecimento internacional dos Modos de Fazer Queijo Minas Artesanal, pela Unesco, em 2024, marcou um passo importante nesse sentido. No entanto, esse registro contempla apenas parte da diversidade da produção artesanal mineira. Queijos como o Cabacinha, o Requeijão Moreno e o queijo de Alagoa e Mantiqueira também representam modos de fazer tradicionais, mas ainda não reconhecidos formalmente como patrimônio cultural imaterial.
É nesse contexto que a ação se insere: integrando um esforço para contribuir com a salvaguarda do patrimônio imaterial mineiro, reunindo pesquisa e registro para que, futuramente, os modos de fazer do queijo Cabacinha também possam ser reconhecidos oficialmente como patrimônio cultural. Ao valorizar esse conhecimento tradicional, o projeto fortalece as políticas públicas voltadas às comunidades produtoras, promovendo reconhecimento, preservação e geração de renda nos territórios onde o queijo é parte da identidade local.
Produzido em consonância com as diretrizes do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o inventário reunirá a caracterização das paisagens, o histórico da região, o histórico do bem cultural, a descrição dos modos de fazer, a apresentação das relações sociais e de comercialização, entre outros aspectos.
Serviço
Evento: Expedição Instituto Periférico – Queijo Cabacinha
Quando: até 4 de agosto
Locais: Pedra Azul e Medina