A paisagem urbana das grandes cidades confirma uma transformação no mercado imobiliário: a consolidação dos apartamentos compactos. Essas unidades menores são uma resposta das construtoras a um novo perfil de morador, que prioriza localização privilegiada e a otimização do espaço.
A tendência é comprovada por dados nacionais. Segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), imóveis de um dormitório registraram a maior valorização do mercado imobiliário brasileiro nos últimos 12 meses, com aumento de 9,44% nas vendas e 14,36% na locação. Sobre os interessados, o perfil de público é variado: de jovens profissionais e estudantes a casais sem filhos, investidores e nômades digitais.
De acordo com a vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Flávia Vieira, em Belo Horizonte, esse segmento apresentou crescimento nos últimos anos, principalmente pela demanda por imóveis mais acessíveis e bem localizados (próximos a regiões bem equipadas com prédios comerciais, hospitais, universidades) e uma clientela diversificada, que inclui jovens profissionais e investidores. “A valorização tende a ser positiva em função da escassez de terrenos e da preferência por projetos modernos e bem localizados; a projeção para os próximos anos é de manutenção dessa tendência”, afirma Flávia.
Ela explica que os imóveis compactos correspondem a um risco mais diluído e, desde que bem localizados, tendem a valorizar, sempre a depender do desempenho da economia. “Somados à rentabilidade dos aluguéis, à valorização dos imóveis e ao baixo risco, é uma opção interessante aos investidores, que devem sempre estar atentos ao mercado”, destaca a vice-presidente da CMI/Secovi-MG.
Um levantamento do Banco Central e da Caixa Econômica Federal aponta um encolhimento de 12,75% na área média dos imóveis financiados desde 2018. Para atender a esses potenciais moradores e investidores, as construtoras têm cada vez mais apostado em apartamentos flexíveis e funcionais também em Belo Horizonte. “A decisão de investir no nicho de apartamentos com metragens menores reflete uma forte demanda de mercado ditada tanto pelas restrições de espaço físico da cidade quanto pelo novo modo de viver. As pessoas hoje buscam otimizar espaços porque ficam menos em casa, dedicam-se mais a viagens e atividades externas e priorizam as áreas de lazer mais completas desses empreendimentos”, comenta Aurélio Rezende, gerente comercial da Somattos Engenharia.
Segundo Rezende, o público-alvo é vasto e inclui jovens profissionais, novas configurações familiares e, principalmente, investidores. O gerente reforça que o investimento em compactos da incorporadora também segue a linha do alto padrão. “Apartamento com área reduzida não significa baixa qualidade no padrão”, ressalta.
Outra construtora que também aposta no segmento de imóveis compactos de alto padrão é a EPO. O mais recente lançamento da empresa com esse perfil foi o Torre Catharina, empreendimento misto localizado no Vale do Sereno em Nova Lima. Com apartamentos de um quarto com 54 metros quadrados e duas suítes com 87 metros quadrados, o projeto teve 100% das unidades reservadas em menos de 48 horas depois do pré-lançamento.
De acordo com Guilherme Santos, vice-presidente do Grupo EPO, o sucesso do Torre Catharina se explica pela inovação do projeto. “Queremos ressignificar a ocupação dos espaços urbanos e despertar nas pessoas o sentimento de pertencimento ao local. O edifício cria um ponto de encontro para a comunidade, algo raro na região, com áreas abertas e arborizadas que convidam à convivência”, destaca.
Segundo a diretora de Marketing da Netimóveis BH, Nathália Luiza de Oliveira, a rede de imobiliárias tem registrado aumento de demanda por imóveis no formato studio ou de um quarto, com prioridade para localização estratégica e presença de serviços, principalmente em regiões mais centrais e bem servidas de infraestrutura. “Apartamentos compactos permitem ao cliente ter acesso a bairros valorizados pagando um valor final menor ou assumindo parcelas mais leves”, afirma.
Ela observa que, em Belo Horizonte, unidades de até 30 metros quadrados tiveram valorização maior que de outros imóveis. “É uma tendência consolidada, que ganhou força por fatores econômicos e devido à mudança de perfil dos moradores e investidores; hoje, os apartamentos compactos são bem demandados para locação ou rentabilização, com forte apelo para liquidez”, afirma Nathália.




