Barueri e Santana de Parnaíba permanecem entre os trechos com pior qualidade da água no Rio Tietê, segundo o Relatório Técnico de Monitoramento da Qualidade da Água (Ano de 2025), divulgado nesta semana por especialistas em monitoramento de rios. As duas cidades da Região Metropolitana de São Paulo foram classificadas com índice “péssimo e ruim”, respectivamente, no levantamento que analisou 32 pontos ao longo de 576 quilômetros do rio, entre Salesópolis e Barra Bonita.
Os dados foram confirmados pela mais recente edição do estudo Observando o Tietê, da Fundação SOS Mata Atlântica, lançada às vésperas do Dia do Rio Tietê, celebrado na segunda-feira (22). O relatório revela que, apesar da redução da mancha de poluição, de 207 km em 2024 para 174 km em 2025, uma melhora de 15,9%, a qualidade da água ainda é predominantemente baixa. O número de pontos com classificação “boa” caiu de três para apenas um (1,8%), enquanto nenhum ponto foi considerado ótimo. A maioria permanece entre as categorias regular (61,8%), ruim (27,3%) e péssima (9,1%).
No recorte local, além de Barueri e Santana de Parnaíba, os municípios de Osasco e Pirapora do Bom Jesus também apresentaram condições críticas. Ambos foram classificados com índice “péssimo”, refletindo o acúmulo de impactos da urbanização intensa, lançamento de esgoto doméstico e efluentes industriais sem tratamento adequado.
O estudo aponta que a maior parte do Rio Tietê segue com qualidade apenas regular. Dos 576 km monitorados, 368 km (63,9%) foram classificados como regulares, 120 km (20,8%) como ruins e 54 km (9,4%) como péssimos. Apenas 34 km (5,9%) apresentaram água de boa qualidade, concentrando-se nas nascentes, especialmente em Salesópolis e Biritiba Mirim.
Os dados de 2025 mostram uma leve recuperação em relação ao pico da poluição registrado em 2024, mas ainda estão longe dos melhores índices da década. Entre 2016 e 2021, o Tietê viveu um ciclo de melhoria, com aumento da qualidade da água e retração da mancha de poluição, que chegou a apenas 85 km em 2021. A partir de 2022, no entanto, o rio voltou a sofrer com o aumento da carga poluidora, invertendo a trajetória positiva.
Respostas mais efetivas do poder público
Para especialistas, a permanência de trechos com água ruim e péssima em áreas densamente povoadas exige respostas mais efetivas do poder público. Entre as ações prioritárias estão o aumento da cobertura de saneamento básico, fiscalização ambiental rigorosa, tratamento adequado de esgoto doméstico e industrial, além da recuperação das margens do rio. A gestão integrada da bacia do Tietê também é vista como fundamental para reverter o atual cenário.
Como parte das ações de mobilização para o Dia do Rio Tietê, a Fundação SOS Mata Atlântica realizou no sábado (20), uma remada simbólica com regata competitiva no próprio rio. O evento tem como objetivo reforçar a importância da preservação do Tietê e cobrar avanços concretos na sua despoluição.