Uma quadrilha especializada em aplicar golpes contra idosos, se passando por agentes de saúde, está sendo investigada pela Polícia Civil. O grupo agia em várias regiões do Estado de São Paulo, incluindo o município de Barueri.
Os criminosos utilizavam uniformes falsos do SUS e carregavam cestas básicas como isca. A tática era coletar a biometria facial das vítimas — sob o pretexto de registrar a entrega da cesta — e usá-la para acessar contas bancárias e contratar empréstimos consignados fraudulentos.
Durante uma das ações da polícia, Carla Penélope dos Santos, de 38 anos, foi presa em flagrante após tentar aplicar o golpe em uma residência em Barueri. Segundo o relato da moradora, Carla dizia estar realizando uma pesquisa da unidade de saúde do bairro, mas não portava crachá de identificação.
A situação gerou desconfiança quando a suposta agente tentou tirar uma foto do marido da vítima usando um celular que exibia o nome dele em um aplicativo bancário aberto. A moradora trancou o portão e chamou a polícia.
“Ela disse que era da Prefeitura de Barueri, mas eu vi o reconhecimento facial do banco e o nome do meu marido escrito na tela. Perguntei o que estava fazendo e não a deixei sair até a polícia chegar”, relatou a moradora.
Carla já havia sido presa duas vezes em flagrante nos últimos três meses, e agora teve a prisão temporária decretada. Segundo a polícia, se condenada, poderá pegar até 14 anos de prisão pelos crimes de estelionato, usurpação de função pública, falsidade ideológica e organização criminosa.
A polícia continua investigando o caso para identificar outros integrantes da quadrilha.
Modus operandi da quadrilha
Vídeos obtidos pelas autoridades mostram que a abordagem é feita por duplas de criminosas, normalmente uma vestida como agente comunitária de saúde e outra como enfermeira.
As golpistas chamam os idosos pelo nome, alegam estar realizando uma pesquisa da UBS sobre doenças como diabetes e hipertensão; oferecem medicamentos gratuitos ou consultas e exigem uma foto com a cesta básica, sob o pretexto de “comprovar a entrega”.
Na prática, essa foto é usada para capturar a imagem facial da vítima, que é depois utilizada para acessar serviços bancários e contratar empréstimos em nome da pessoa.
Especialistas classificam esse tipo de abordagem como engenharia social, uma técnica de manipulação psicológica para obter dados pessoais.
Alerta da Prefeitura de Barueri
A Prefeitura de Barueri, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), divulgou recentemente um alerta à população sobre tentativas de golpe utilizando o nome do órgão.
Segundo a nota, criminosos têm utilizado ligações telefônicas falsas, mensagens por celular ou WhatsApp; e-mails fraudulentos e sites com logotipos falsificados da Prefeitura.
Essas comunicações tentam extorquir dinheiro ou solicitar o envio de documentos pessoais, o que não é praticado pela Covisa.
A Prefeitura reforça que não solicita pagamentos nem coleta dados por meios digitais não oficiais.
Recomendações à população
A Polícia Civil orienta:
- Nunca entregar dados pessoais ou permitir fotos a pessoas não identificadas;
- Exigir crachá funcional e identificação oficial de qualquer agente público;
- Desconfiar de promessas de facilidades ou benefícios sem aviso prévio;
- Em caso de dúvida, não permitir o acesso dos supostos agentes e acionar imediatamente a Polícia Militar pelo 190.