Jovem tetraplégico de Barueri se destaca em artes plásticas

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Willian Diego Miguel, 33 anos, após perder os movimentos do pescoço para baixo, encontrou na pintura em tela um novo sentido de viver (Divulgação/Secom Barueri)

Willian Diego Miguel, de 33 anos, tem se destacado como artista plástico em Barueri. Após perder os movimentos do pescoço para baixo, ele encontrou na pintura em tela um novo sentido para a vida.

Ele conta com o suporte da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SDPD) e participa da Oficina de Pintura em Tela, que funciona em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo (Secult).

Em 2014, Diego sofreu um grave acidente em uma serralheria ao ajudar um conhecido. “Uma chapa caiu sobre mim e fez com que eu torcesse o pescoço. De uma hora para outra perdi os meus movimentos”, lembra.

Mais cor na vida
Após lidar com as barreiras impostas pela tetraplegia, Diego percebeu que poderia enfrentá-las de outra forma, e com lápis na boca decidiu traçar na folha de papel, de maneira improvisada, seus primeiros desenhos.

“Eu desenhava em preto e branco, fazia só letras. Um dia, por incentivo da minha tia, entrei em uma página nas redes sociais de outros artistas que pintavam com o pé e boca. Lá me sugeriram pintar na tela e jogar cor”, contou.

Primeira pintura
O artista guarda com carinho a sua primeira pintura em tela: o cacto no deserto. “O desenho do cacto não tem tantos detalhes, mas mesmo assim deu trabalho. No começo achei que não ia sair nada, até disse pra minha mãe jogar fora, mas ela disse para eu não desistir. Continuei tentando, e quando eu terminei eu pensei: “não é o que consegui?!”, comemorou.

Viver da arte
Diego já fez cerca de 30 telas e tudo está registrado nas suas redes sociais. São paisagens, retratos, desenhos de animais.

“Muita gente pede encomenda, mas isso não depende 100% de mim, há dias que tenho muitas dores no pescoço e não consigo pintar, mas quando acordo bem, fico horas pintando e quando me pedem pra fazer um quadro, preciso explicar que é no tempo do meu pescoço”, ressalta.

“Willian não se limita, ele mesmo risca as telas, aplica o fundo, tem bastante precisão no traço, tanto na pintura quanto no desenho. Ele é muito bom, as pinturas dele estão em nível profissional”, conta a professora da Oficina de Pintura, Tania Britto, que junto com o esposo construiu dois cavaletes adaptados para Diego poder pintar nas oficinas e em casa.

Oficina de Pintura
“Para pessoas com deficiência de complexidade agravada, como o caso do Diego, a oficina aproxima o cuidador com o usuário, ajuda na concentração, no ritmo, na coordenação motora, no desenvolvimento cognitivo e, principalmente, trabalha as potencialidades do usuário” ressalta o secretário da SDPD, Carlos Roberto da Silva (Prof. Carlinhos).

A Oficina de Pintura em Tela é aberta para todos os cadastrados da SDPD. Para mais informações, envie um e-mail para [email protected].