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terça-feira, 8 julho 2025
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Burnout: líderes adotam IA para prever esgotamento

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O burnout — condição de esgotamento relacionada ao trabalho — tem se tornado um dos principais desafios organizacionais contemporâneos. Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, o esgotamento não afeta apenas a saúde mental dos colaboradores, como também impacta diretamente a produtividade e os custos operacionais das empresas.

Entre as soluções adotadas pelas empresas está o uso de tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) para antecipar sinais de desgaste. A startup brasileira Evope é um dos exemplos que aplicam IA para transformar dados operacionais dos computadores corporativos em indicadores que ajudam gestores a identificar padrões como excesso de horas, interrupções contínuas e concentração de tarefas. A partir desse diagnóstico, a plataforma, via IA integrada, apresenta insights com oportunidades de ações estratégicas. “Quando o gestor tem visibilidade sobre esse tipo de comportamento, ele pode redistribuir as demandas ou ajustar a jornada antes que isso se converta em um quadro de esgotamento,” afirma Danilo Lira, fundador e CEO da empresa.

Segundo estudo conjunto da OMS com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), jornadas superiores a 55 horas semanais estão associadas a um aumento de 35% no risco de acidente vascular cerebral (AVC) e 17% no risco de doenças cardíacas. O estudo ainda estima que, em 2016, o excesso de carga horária esteve relacionado a aproximadamente 745 mil mortes em todo o mundo.

De acordo com o MIT Sloan Management Review, fatores como sobrecarga de trabalho, interrupções constantes e falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional estão entre os principais elementos que contribuem para o burnout. Ambientes com cultura organizacional tóxica, por exemplo, são dez vezes mais preditivos de rotatividade voluntária do que remuneração ou carga horária elevada.

Em um dos casos recentes acompanhados pela Evope, uma empresa do setor de tecnologia com mais de 300 colaboradores apresentava, no momento do diagnóstico, 27,5% dos profissionais com propensão ao burnout e 16,3% em estado persistente de esgotamento por dois meses ou mais. A ação implementada foi o bloqueio automatizado dos computadores após oito horas de uso diário, respeitando a jornada padrão. Caso fosse necessário ultrapassar esse tempo, o colaborador solicitava autorização do gestor direto. Após 60 dias, a propensão ao burnout caiu para 17% (redução de 38%) e os casos persistentes caíram para 9% (redução de 44%).

A tecnologia da Evope também permite configurar limites de carga horária, gerar alertas automáticos e fazer recomendações sobre redistribuição de atividades ou possibilidades de automação. “O objetivo não é vigiar, mas oferecer subsídios concretos para uma gestão mais equilibrada e preventiva”, complementa Lira.

Além dos impactos à saúde, o tema ganhou espaço na legislação brasileira. Desde 2022, a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) ampliou a responsabilidade das empresas na identificação e prevenção de riscos psicossociais, incluindo o estresse ocupacional. A norma exige a implementação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), com diretrizes do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), voltadas à proteção da integridade física e mental dos trabalhadores.

Nesse contexto, o uso de ferramentas digitais como a da Evope tem sido considerado pelas empresas como apoio ao cumprimento das exigências normativas. Ao fornecer dados confiáveis sobre a jornada e os padrões de trabalho, a IA oferece base para decisões mais conscientes.

Segundo o relatório CEO Decision-Making in the Age of AI, do IBM Institute for Business Value, 66% dos executivos que utilizam IA na gestão de talentos relataram ganhos de eficiência em ações de prevenção e alocação de recursos humanos.

E com a consolidação de modelos híbridos e remotos, o monitoramento digital e transparente da jornada se torna um instrumento importante para a construção de ambientes mais sustentáveis. A detecção precoce de sinais de burnout, aliada a políticas claras de apoio à saúde mental, deve seguir como uma das prioridades estratégicas das empresas nos próximos anos.

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