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sexta-feira, 19 dezembro 2025
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NoSunscreen: movimento viral preocupa especialistas

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Nos últimos meses, vídeos publicados no TikTok e em outras redes sociais, identificados pelas hashtags #NoSunscreen e #AntiSunscreen, passaram a incentivar a exposição prolongada ao sol sem o uso de protetor solar, além da aplicação de óleos e manteigas caseiras como supostos “bronzeadores naturais”. A tendência, que já acumula milhões de visualizações, sobretudo entre jovens, ocorre em um contexto de alta incidência de radiação ultravioleta no Brasil e levanta alertas entre especialistas da área da saúde sobre o aumento do risco de câncer de pele e outros danos cutâneos.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele é o tipo mais frequente no país e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos diagnosticados no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a radiação ultravioleta como o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença e reforça que o uso regular de protetor solar está entre as medidas mais eficazes de prevenção, especialmente em países de clima tropical, como o Brasil.

“O Brasil é um país tropical, com alta incidência de radiação solar durante todo o ano. A partir do momento em que a pessoa deixa de usar filtro solar, seja adulto, idoso ou criança, o risco de queimaduras, manchas e câncer de pele aumenta significativamente”, explica Reinaldo Tovo, dermatologista do Hospital Sírio-Libanês.

De acordo com o especialista, a exposição solar sem proteção pode causar, no curto prazo, queimaduras caracterizadas por vermelhidão, dor e formação de bolhas. A longo prazo, a radiação ultravioleta está associada ao envelhecimento precoce da pele, ao surgimento de manchas e ao desenvolvimento de tumores cutâneos.

A oncologista Marina Sahade, também do Hospital Sírio-Libanês, destaca que comportamentos de risco seguem comuns, especialmente entre os mais jovens. “Exposição solar prolongada sem proteção, como ir à praia ou à piscina ‘para pegar uma cor’ sem usar protetor solar, repetir pouco a aplicação ou usá-lo apenas no rosto, ainda é muito comum”, afirma. Ela ressalta que a exposição nos horários de maior incidência preocupa. “Entre 10h e 16h, a radiação ultravioleta é muito mais intensa. Mesmo em dias nublados, a pele está sendo agredida.”

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele é dividido em dois grupos principais. O não melanoma é o mais frequente e geralmente surge em áreas mais expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço e mãos. O melanoma, apesar de menos comum, é mais agressivo e apresenta maior risco de metástase. O INCA estima cerca de 220 mil novos casos anuais de câncer de pele no Brasil e projeta 704 mil novos diagnósticos de câncer até 2025, considerando todos os tipos da doença.

“Quem não gosta de aproveitar um dia ensolarado na praia, no campo ou na montanha? O sol é importante para a saúde e o bem-estar, mas é essencial adotar os cuidados certos, como usar filtro solar, roupas com proteção ultravioleta e acessórios, como bonés ou chapéus que ajudem a bloquear a radiação. A proteção solar faz toda a diferença”, reforça Reinaldo.

Sahade ressalta que o conhecimento do próprio corpo é fundamental para o diagnóstico precoce. “Desde a adolescência, precisamos reforçar essa cultura. A pele é nosso maior órgão e merece atenção.” Ela explica que mudanças em manchas e pintas podem indicar alerta. “Se a pessoa se observa com frequência, percebe quando uma mancha ou pinta muda de cor, forma ou tamanho, o que pode ser um sinal de câncer de pele.” A oncologista lembra ainda do papel da família: “Ajudar a observar locais de difícil visualização, como costas e couro cabeludo, é essencial.”

Para auxiliar na identificação de lesões suspeitas, a especialista recomenda o método ABCDE, que avalia assimetria, bordas irregulares, variação de cores, diâmetro maior que 6 milímetros e evolução ao longo do tempo. “A presença de qualquer um desses critérios indica a necessidade de avaliação médica”, afirma.

Em relação à vitamina D, Tovo esclarece que cerca de 15 minutos de exposição solar, duas vezes por semana, , com braços e pernas descobertos, costumam ser suficientes para manter níveis adequados da vitamina. “O câncer está associado ao excesso de sol, não à falta. Em casos de deficiência, a reposição pode ser feita por via oral, diminuindo a necessidade de exposição solar prolongada”, explica.

O dermatologista também alerta para os riscos das chamadas receitas caseiras. Produtos artesanais, especialmente aqueles que utilizam frutas ou outros ingredientes naturais, podem provocar queimaduras graves e reações inflamatórias na pele, condição conhecida como fitofotodermatose, e devem ser evitados.

“O sol traz benefícios físicos e emocionais, mas precisa ser aproveitado com responsabilidade. Movimentos como o #NoSunscreen disseminam desinformação e colocam em risco uma geração inteira”, conclui Tovo.

Medidas recomendadas para a proteção adequada contra o sol

  1. Uso diário de protetor solar com FPS 30 ou superior, com escolha da fórmula mais adequada ao tipo de pele. Em pessoas com maior sensibilidade ou histórico de câncer de pele, a fotoproteção pode ser complementada com cápsulas de uso oral, sempre com orientação médica.

  2. Uso de chapéus de aba larga, capazes de proteger cabeça, rosto, orelhas e nuca.

  3. Preferência por roupas com proteção ultravioleta ou tecidos de trama mais fechada, que reduzem a incidência direta da radiação.

  4. Utilização de óculos escuros com bloqueio comprovado de radiação ultravioleta UVA e UVB.

  5. Evitar a exposição direta ao sol entre 10h e 16h, período em que os índices de radiação são mais elevados.

  6. Realização de avaliações dermatológicas periódicas, pelo menos uma vez ao ano, para o diagnóstico precoce de lesões suspeitas.

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