A qualificação profissional deixou de ser uma escolha e se tornou uma necessidade urgente. É o que aponta o novo relatório Skills of the Future, apresentado pelo Santander e baseado em entrevistas com 15 mil pessoas de 15 países da Europa e das Américas. O estudo evidencia que, diante da rápida evolução do mercado de trabalho, a atualização contínua de competências já não é opcional — com destaque para o avanço da Inteligência Artificial e a crescente busca por aprendizado autônomo em mercados como América Latina e Brasil.
De modo geral, oito em cada dez pessoas entrevistadas reconhecem a necessidade de seguir ampliando seus conhecimentos, enquanto 38% afirmam que a formação recebida antes de ingressar no mercado de trabalho não os preparou adequadamente. Esse sentimento se intensifica em mercados emergentes, como o Brasil, onde 81% manifestam a necessidade de formação contínua — uma das taxas mais altas do levantamento.
A Inteligência Artificial surge como o maior fator de disrupção no futuro do trabalho. Globalmente, seis em cada dez participantes acreditam que o domínio da IA será essencial para manter a empregabilidade, especialmente em áreas como ciência de dados e tecnologia. No Brasil, esse índice alcança 70%. Apesar disso, o receio de perda de empregos para máquinas parece menor entre os brasileiros: apenas 30% demonstram esse temor, enquanto na média global um terço dos entrevistados compartilha dessa preocupação.
“A ascensão da Inteligência Artificial está transformando não apenas o trabalho, mas também a forma como vivemos e aprendemos. Com essas mudanças surgem grandes oportunidades de produtividade e criação de valor, mas também desafios de adaptação. No Santander, acreditamos que as empresas devem fazer parte da solução. Por isso, vamos investir 400 milhões de euros entre 2023 e 2026 em educação, empregabilidade e empreendedorismo. Iniciativas como o Santander Open Academy são parte fundamental desse compromisso, promovendo aprendizado contínuo e preparando as pessoas para os novos desafios”, afirma Ana Botín, Presidente Executiva do Banco Santander.
O relatório também indica que, se tivessem a oportunidade, 39% dos entrevistados escolheriam uma área de formação diferente da cursada inicialmente. Paralelamente, cresce o debate sobre quem deve ser o principal responsável por oferecer oportunidades de atualização: 39% consideram insuficiente a oferta pública de formação, 25% entendem que o setor público deveria ampliar essa oferta, enquanto 43% atribuem maior responsabilidade às empresas. No Brasil e América Latina, contudo, prevalece uma visão de protagonismo individual, com ampla parcela da população buscando sua própria qualificação.
Brasil se destaca pelo protagonismo no autoaprendizado
No Brasil, a pesquisa revela um cenário ativo na preparação para o futuro do trabalho. O levantamento aponta que 81% dos brasileiros reconhecem a necessidade de seguir aprendendo de forma contínua, índice que supera a média global. Em relação à Inteligência Artificial, 70% dos entrevistados no país acreditam que o domínio dessa tecnologia será indispensável para manter a empregabilidade nos próximos anos. Apesar disso, apenas 30% manifestam receio de que seus empregos possam ser substituídos por IA, o que reflete uma visão mais otimista flexível para o futuro.
O protagonismo brasileiro também se confirma no comportamento educacional: 45% dos brasileiros já estudam por conta própria, o maior percentual registrado entre todos os países analisados. Essa busca ativa por requalificação se conecta ainda ao uso expressivo de ferramentas digitais de ensino, sendo que 77% dos respondentes já utilizaram plataformas de aprendizado on-line e 78% aprovam a experiência — reforçando o apetite da população por formatos de capacitação mais acessíveis e flexíveis.
Iniciativas de capacitação on-line, como o Santander Open Academy, têm contribuído para o acesso a conteúdos educacionais por meio da oferta de cursos gratuitos e on-line. A plataforma disponibiliza formações em áreas como tecnologia, inteligência artificial, liderança, finanças, idiomas e competências comportamentais (soft skills), voltadas ao desenvolvimento de habilidades alinhadas às demandas do mercado de trabalho. “O Brasil tem uma característica muito particular de protagonismo do indivíduo em relação à própria carreira e qualificação. Isso cria uma enorme janela de oportunidade para o Banco seja voz ativa desse movimento, oferecendo plataformas abertas, acessíveis e conectadas às novas demandas do mercado”, afirma Marcio Giannico, head de Universidades e Relações Institucionais do Santander Brasil.
Uma perspectiva geográfica
Embora as percepções variem entre as regiões, observa-se uma tendência global em direção ao aprendizado autodirigido e prático. Os dados mostram que a Europa lidera em mobilidade profissional: 70% dos participantes já mudaram de setor, empresa ou função ao longo de suas carreiras. Os europeus também são os mais insatisfeitos com a formação recebida antes de ingressar no mercado de trabalho. Ainda assim, 64% acreditam que há boas oportunidades de emprego no continente, e apenas 26% estariam dispostos a emigrar para fora da União Europeia por motivos profissionais.
Já na América Latina, predomina a visão de que cabe ao indivíduo buscar a formação necessária para se adaptar a um mercado de trabalho em constante evolução. Cerca de 32% dos entrevistados latino-americanos afirmam não ter realizado nenhuma mudança significativa de carreira — o maior percentual entre todas as regiões. A América Latina também apresenta as percepções mais positivas (65%) sobre o impacto das plataformas digitais de aprendizagem e desenvolvimento profissional, e registra o maior nível de disposição para utilizá-las (76%).