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quarta-feira, 30 julho 2025
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Enem: confira os autores e livros mais recorrentes e saiba como estudar para a prova

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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não exige leitura obrigatória de títulos específicos, mas obras clássicas brasileiras costumam ter presença constante na prova. Especialistas em educação destacam que o bom desempenho em questões de literatura depende do conhecimento de livros que abordam aspectos sociais, culturais e históricos do país.

Textos literários aparecem em perguntas de interpretação, comparação de estilos e análise crítica, além de servirem como repertório para a redação. Segundo Thiago Silvério Barbosa, professor de Língua Portuguesa da Escola Internacional de Alphaville, compreender literatura é também entender o Brasil, o que se reflete especialmente nas provas de Linguagens e na redação.

Para Janaína Arruda, professora da Escola Bilíngue Aubrick, as questões de literatura no Enem avaliam a competência de relacionar linguagem e contexto, envolvendo críticas sociais, desigualdade e identidade nacional. A prova não se restringe a textos do cânone literário, incluindo letras de música, quadrinhos e poemas contemporâneos.

Ana Claudia Gomes, coordenadora do Brazilian International School, recomenda que os candidatos priorizem a compreensão do contexto histórico, personagens e conflitos das obras. Ela sugere o uso de resumos, vídeos e podcasts para otimizar a preparação. Osmar Savioli Jr, diretor do Colégio Progresso Bilíngue, acrescenta que a leitura desenvolve habilidades de interpretação, argumentação e análise crítica, fundamentais para toda a prova.

Livros e autores e que mais caem no Enem

Os educadores elencaram títulos que já foram citados em edições anteriores da prova e podem cair na edição deste ano. Muitos dos livros já estão em domínio público ou foram adaptados em forma de filmes e séries, o que ajuda a ter acesso e entender melhor as obras.
 

1. A Hora da Estrela – Clarice Lispector
 É um romance sobre o desamparo, lançado em 1977. A protagonista, a nordestina Macabéa, é uma mulher miserável, que mal tem consciência de existir. Depois de perder seu único elo com o mundo, uma velha tia, ela viaja para o Rio, onde aluga um quarto, se emprega como datilógrafa e gasta suas horas ouvindo a Rádio Relógio. Apaixona-se, então, por Olímpico de Jesus, um metalúrgico nordestino, que logo a trai com uma colega de trabalho. Desesperada, Macabéa consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro luminoso, bem diferente do que a espera. O livro trata de um tema tradicional da literatura brasileira: o contato do imigrante nordestino com a cidade grande.
 

2. Capitães da Areia – Jorge Amado
 É uma obra sobre a infância abandonada. Conta a história crua e comovente de meninos pobres e infratores que moram num trapiche abandonado em Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. O livro torna o leitor íntimo dos personagens, cada um com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, o ator nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade. Desde o lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo – mas ao longo de quase nove décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade.
 

3. Claro Enigma – Carlos Drummond de Andrade
 Publicado em 1951, o livro representa um momento especial na obra de Drummond. Com uma dicção mais clássica, o poeta revisita formas que haviam sido abandonadas pelo Modernismo (como o soneto, modalidade que fora motivo de chacota entre as novas gerações literárias), afirma seu amor pela poesia de Dante e Camões e busca uma forma mais difícil, mas sem jamais abandonar o lirismo e a agudeza de sua melhor poesia. O autor parece querer buscar, por meio da retomada de formas clássicas, um equilíbrio entre o passado e o presente. O amor, a morte e a memória são alguns dos temas elaborados por um homem que sempre quis fazer parte do seu próprio tempo. A obra é marcada pelo fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria, em que o mundo estava marcado por incertezas sobre a nova “paz armada”.
 

4. Dom Casmurro – Machado de Assis
 Publicado originalmente em 1899, o livro conta a história de Bentinho e Capitu, desde o namoro infantil até o casamento atormentado pelo ciúme e pela dúvida: Capitu traiu o marido com o melhor amigo dele, Escobar? Os fatos são narrados por Bentinho, que relembra, já velho, episódios de sua vida. É possivelmente o romance mais estudado, comentado e discutido da nossa literatura: ainda hoje, mais de um século depois do surgimento do livro, leitores e críticos se debruçam sobre suas páginas na tentativa de encontrar pistas que lancem luz sobre o insolúvel “enigma de Capitu”. O livro é ambientado no Rio de Janeiro do Segundo Reinado (1840-1889) e início da República (1899), refletindo um período de muitas transformações sociais e políticas no Brasil.
 

5. Iracema – José de Alencar
 Neste romance, José de Alencar faz uma alegoria da fundação do Ceará, resultando em uma obra essencial do indianismo. A potiguara Iracema, a “virgem dos lábios de mel”, encontra nas florestas da orla cearense o português Martim. É o início de um conturbado amor proibido que revela, com lirismo e aventura, a contradição e o embate entre civilizações. A obra foi publicada pela primeira vem em 1865, mas a história de passa nos anos 1600, retratando a chegada dos portugueses ao Brasil. O livro trata, entre outras questões, de temas como o choque cultural entre indígenas e europeus e a relação do homem com a natureza.
 

6. Macunaíma – Mário de Andrade
 Em Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, Mário de Andrade radicaliza o uso literário da linguagem oral e popular que já havia utilizado em seus livros anteriores e mistura folclore, lendas, mitos e manifestações religiosas de vários recantos do Brasil, como se fizessem parte de uma unidade nacional. Macunaíma, que ora é índio negro ora é branco, até hoje é considerado símbolo do brasileiro em vários sentidos: o do malandro esperto, amoral, que sempre consegue o que quer, e o do povo perdido diante de suas múltiplas identidades. Nas palavras do próprio autor, “Macunaíma vive por si, porém possui um caráter que é justamente o de não ter caráter”. Publicado em 1928, a obra surge no contexto da primeira geração do modernismo, que buscava uma identidade nacional, rompendo com os padrões artísticos europeus ao valorizar a cultura popular brasileira.
 

7. Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
 Na obra, o finado Brás Cubas decide contar sua história por uma ótica bastante inusitada: em vez de começar pelo seu nascimento, sua narrativa inicia-se pelo óbito. Enquanto rememora as experiências que viveu, o defunto-autor tece uma série de reflexões sobre a vida e sobre a sociedade da época, com serenidade e bom-humor. Num primeiro momento, a prosa fragmentária e livre, misturando elegância e abuso, refinamento e humor negro, causou estranheza, inclusive entre a crítica. Com o tempo, no entanto, o defunto autor que dedica sua obra ao verme que primeiro roeu as frias carnes de seu cadáver tornou-se um dos personagens mais populares da nossa literatura. Lançado em 1881, é considerado a transição do romantismo para o realismo. O livro retrata o período do Brasil Império, especialmente a elite burguesa do Rio de Janeiro, marcada por mudanças sociais e ascensão de novos valores.
 

8. O Cortiço – Aluísio Azevedo
 Pobreza, corrupção, injustiça e traição são elementos que integram a principal obra do naturalismo brasileiro. Nela, o autor denuncia as mazelas sociais enfrentadas pelos moradores de um cortiço no Rio de Janeiro no século XIX. É um romance que convida a analisar por meio da observação crítica do cotidiano das personagens a animalização do ser humano, questão que se mostra, mais do que nunca, atual. Publicado em 1890, a obra de caracteres múltiplos aborda temáticas pouco comuns para a época – sexualidade, adultério, racismo e prostituição – retratando a visão pessimista do período.
 

9. Quarto de Despejo – Carolina Maria de Jesus
 A primeira publicação data de 1960, e o livro surgiu do diário da autora, tornando-se um autêntico exemplo de literatura-verdade. Retrata o cotidiano triste e cruel de uma mulher e mãe solteira que sobrevive como catadora de papel e faz de tudo para espantar a fome e criar seus filhos na favela do Canindé – SP. Em meio a um ambiente de extrema pobreza e desigualdade de classe, de gênero e de raça, o leitor depara-se com o duro dia a dia de quem não tem amanhã, mas que ainda sim resiste diante da miséria, da violência e da fome. E percebe com tristeza que, mesmo tendo sido escrito na década de 1950, o livro jamais perdeu sua atualidade. A obra retrata uma época de grande industrialização e desenvolvimento do Brasil, em contraste com a miséria e exclusão social que grande parte da população vivia.
 

10. Vidas Secas – Graciliano Ramos
 Publicado pela primeira vez em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca no sertão nordestino. O pai, Fabiano, caminha pela paisagem árida da com a sua mulher, Sinha Vitória, e os dois filhos, que não têm nome, sendo chamados apenas de “filho mais velho” e “filho mais novo”. São também acompanhados pela cachorrinha da família, Baleia, cujo nome é irônico, pois a falta de comida a fez muito magra. O livro pertence à segunda fase modernista da literatura brasileira, conhecida como “regionalista” ou “romance de 30”. Denúncia fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão.

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